Bom...

Meu amigo, eu sei que não tenho escrito aqui. Peço que você entenda... O tempo em Buenos Aires, depois a visita ao Uruguai, depois as provas ("los finales"), depois Cordoba, Salta, Jujuy... Depois o restinho de Buenos Aires, e Mar del Plata... Depois a volta para casa, os reencontros... Não é bom que a internet seja prioridade.

Estou de volta, contudo. Devo dizer que tive muita coisa para postar aqui e acabei por não fazê-lo. Não vou recuperar tudo, nem era assim algo tão superfantástico. Ressalto, desde já, umas idéias muito interessantes tiradas do livro do Dr. Marcello Caetano (quem quiser saber mais, fale comigo)...

Durante este tempo na Argentina mandei emails aos meus amigos contando algumas coisas. Acho que publiquei aqui o primeiro (em partes, por causa do tamanho). Farei o mesmo com os outros.

Saludos boludiños!

Hey, voltou!

Parece que resolveram restaurar certos recursos. Melhor assim.

Aproveitando a passagem por aqui: cada vez estou mais seguro de que nem a riqueza, nem o prazer, nem a fama sao capazes de satisfazer o coraçao do homem.

Eles é que nao quiseram

"Sendo, no principio da revolução de Portugal, quase unanimes os votos dos brazilienses em continuar sua intima união com a parte européa da monarchia, foram ao depois as medidas impoliticas das Cortes gradualmente incitando o Brazil a uma separação" (Hipólito José da Costa, em Correio Braziliense, n. 173, v. XXIX, out. 1822, p. 477).

¡Mirá vos!

O hospedeiro sueco está com algum problema: vou ter que pôr o link mesmo e o sr., leitor fantasma, copie e cole, por favor. Se quiser, claro. Ei-lo: http://www.youtube.com/watch?v=AkghEx3g6wI. "Por que gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata; mas com gente é diferente."

Sete de setembro



"O auriverde pendao da minha terra, que a brisa do Brasil beija e balanca..."

Castro Alves

Uma família



Aqui na Argentina, no final da Missa, o celebrante sempre vai até a porta para cumprimentar os fiéis. No Brasil isso acontece em algumas paróquias. Aqui em Buenos Aires, isso se passa em todas. Percebe-se muito bem a nocao de família que está na base da Igreja Católica. Somos irmaos de fato, família de Deus. É o selo batismal que nao se pode apagar, mesmo que se queira.

Importa a verdade

Um mal muito difundido no nosso mundo sao os respeitos humanos. Trata-se de preocupar-se demasiado com a opiniao dos outros, com o "politicamente correto".

Os respeitos humanos sao capazes de paralisar qualquer obra boa, qualquer propósito louvável. Porque sempre há quem critique, quem se sinta ofendido... seja por inveja, seja por ignorancia, ou por qualquer outra razao.

Nao devemos dar bola aos respeitos humanos, simplesmente. Em outras palavras, importa a verdade, nao a opiniao do século. Porque as opinioes mudam, e a aprovacao popular nao é garantia de justiça.


Democracia


Antonio Ciseri (1821-1891), Ecce Homo (1880-1891). 

Recomendo interessante resenha acerca do livro de Hans Maier e Joseph Ratzinger -- sim! --, ¿Democracia en la Iglesia?, em que o autor tece comentários sobre o democratismo em geral e sobre a relaçao da Igreja com a democracia. Muito bom, especialmente a primeira parte. E se a resenha é tao estimulante, fico eu a imaginar o livro... Mais um pra lista.

"Nuestra sociedad ha elevado la democracia a la categoría de Dios. El bien sólo puede proceder de la democracia, y todo lo que proceda de la democracia sólo puede ser bueno. Se trata de un misticismo relativista que lo envuelve todo. No existen valores ni certezas morales, tan sólo la elevación de la mayoría a categoría absoluta. (...) La democracia es ajena a la tradición católica. La autoridad eclesiástica no tiene un carácter funcional, del que quepa disponer a través de la decisión del Pueblo, sino pneumático, esto es, espiritual; un don o gracia que procede de lo más alto."

Leia toda a resenha aqui.

Lendo bem

Fiel a seu compromisso de divulgar as boas iniciativas de que tem conhecimento, este blog apresenta aos distintos visitantes -- mais ou menos assíduos -- o Encuentro de Lectores, site que disponibiliza informaçao bibliográfica criteriosa. Trata-se de uma pequena sinopse para cada livro, além de uma indicaçao se o livro contraria ou nao "a la dignidad de las personas, sea gravemente inmoral, intolerante o racista". Porque as idéias têm conseqüências.

Ps. Bueno, segui os links e encontrei outras boas iniciativas: o espanhol Club del Lector e o Criteria.


Nordeste medieval



A cultura nordestina encontra suas raízes e inspiracao mais profundas na Idade Média ibérica. Penso que todos já tiveram a oportunidade de experimentar isso, e nao sao poucos os autores que afirmam explicitamente essa ligacao: um, por exemplo, é Ariano Suassuna.

Encontrei num blog o vídeo do Elomar que deixo acima. Vale a pena ouvir. Vale muito a pena.

Imperdível



Fomentadas pela Congregacao para a Doutrina da Fé -- "o antigo Santo Ofício", como gostam de completar os jornalistas... --, mais uma vez se reunem as Jornadas Internacionais de Direito Natural, que desde 2005 sao realizadas anualmente, ou na Argentina ou no Chile. Este ano, em Buenos Aires, na UCA.

O tema das IV Jornadas Internacionais é mais que atual: "Lei Natural e Legítima Laicidade". Autores do peso de Massini Correas e Andrés Ollero estarao presentes, tornando o evento simplesmente imperdivel. Mais informacoes aqui. Vale lembrar: as Jornadas se darao nos dias 10, 11 e 12 de setembro de 2008, na UCA, Edificio Santo Tomas Moro, na Av. Alicia Moreau de Justo, 1400, Puerto Madero, Buenos Aires.

Além das Jornadas, outro evento de peso se organiza na UCA: a XXXIII Semana Tomista, organizada pela Sociedad Tomista Argentina. Vao de 8 a 12 de setembro, com a programacao comecando as 16h30. (Espero que seja a hora em que acabam os eventos das Jornadas...). Para mais informacoes -- incluindo a programacao completa! --, basta clicar aqui.


Para relajar



Una musiquita de los Cramberries. ¡Aprobechá, boludo! Y acordáte: "Don't go that way. Don't leave that way. That would paralise your evolution (...). We will pray, we will stay together".

Disaster!



Ontem presenciei uma situacao interessante. Aqui na residencia temos um chines, que estuda espanhol, salvo engano, na Universidad del Salvador. Pois bem. Conversavam ele -- com ainda evidentes dificuldades para entender e falar espanhol -- e tres argentinos. Eu observava.

Conversa vai, conversa vem, o argentino tocou num assunto delicado: "O que vc acha do governo chines"?
Chines: "Ninguém gosta governo. Mas ninguém pode usar meios de comunicacao para dizer isso, porque sao todos controlados pelo governo".
Argentino: "Mas e sua educacao? A educacao na China hoje é muito boa, né?"
Chines: "Ah, é sim!"
Argentino: "E é de graca, para todos, nao é?"
Chines: "De graca? Nao, nao é de graca nao! Faculdade muito expensive! Mas primario é mais barato".
Argentino: "E de Mao, o que vc acha? Transformou a China, nao?"
Chines: "Mao? Mao Tse Tung?! Disaster! Disaster!"


Conservador?

Nao sou conservador porque nao quero conservar o atual estado de coisas. Quero conservar o que há de bom hoje, e o que de bom tem sido conservado há anos. O que nao está bom, deve ser transformado. Transformado para melhor, vale dizer.
 
Nao sou restaurador porque nao houve um periodo ideal que valha a pena restaurar hoje. Houve -- é o que parece -- períodos melhores, de que vale a pena restaurar as boas coisas. Nao por serem antigas, mas por serem boas. Porque nos tempos melhores havia coisas que deviam ser combatidas, e -- que bom! -- hoje estao vencidas. Hoje há coisas boas, e essas devem ser conservadas. E as coisas más que nao havia ontem e hoje há, a essas se deve combater. Porque nao importa se nao novas ou velhas, mas se sao boas ou más.
 
O que quero é a perfeicao moral da sociedade: melhores seres humanos, vale dizer. Melhores seres humanos ajudando os outros a serem melhores: para isso, a sociedade. Assim se mede o valor de uma epoca, e o que deve ser revolucionado, o que deve ser conservado e o que deve ser restaurado: pelo desenvolvimento moral de seus homens.

Funcao social


El Greco,
Enterro do Conde de Orgaz.

Conferir um título de nobreza significa, em sua origem, reconhecer publicamente as virtudes de uma pessoa. A funcao dessas pessoas, declaradas nobres, é dar exemplo de virtude para a sociedade. O nobre nao tem uma natureza melhor ou pior que a de um nao nobre. A virtude é acessível a todos, e por isso o estamento da nobreza -- o reconhecimento da virtude; difícil tarefa, aliás!  -- nao é fechado, ainda que deva ser seletivo. É verdade que, como se trata de uma instituicao humana, é passível dos maiores desvios: de fato, se pode titular quem nao merece.
 
Quando um homem declarado nobre -- por seu próprio valor pessoal ou pela virtude que se cultiva em sua casa e que, por conseguinte, se supoe aprendeu a viver desde pequeno -- nao honra seus deveres, inerentes a sua condicao social, já nao há mais porque portar um título. Pelo bem da sociedade, pelo bem dos que enxergam no nobre um exemplo moral, esse homem deve perder o titulo de nobreza. Quando isso nao ocorre, e os nobres se preocupam mais com o prazer que com o dever, e abusam assim de sua condicao, a nobreza institucional se desacredita e faz por merecer seu fim. Assim se passou na Franca de fins do século XVIII.

¿Qué cosa, no?



Andar por Buenos Aires é muito bom. A cidade é toda plana, de forma que é possível caminhar muito. Nao há morros, nao há túneis, nao há praias: há ruas e pracas. Predios neoclássicos, lojas, jardins, árvores, monumentos. Moro perto da Plaza de Mayo, e volta e meia ando por ali, vejo a Casa Rosada, o Cabildo, ando pela Avenida de Mayo e pelas transversais. Assisto Missa na Catedral. Que catedral, diga-se de passagem! E a Missa muito bem celebrada.
 
Minha residencia atual fica na calle Peru, continuacao da Florida. Haveria muito mais coisas para contar: sobre cada um dos caras que conheci no seminario e as iniciativas que levam a cabo em seus países, sobre as matérias na faculdade e os colegas lá, sobre a Residencia de Los Aleros, que tenho frequentado... Também as coisas que vejo na rua, a feira de San Telmo, os restaurantes... Para finalizar, algumas coisas que me chamaram a atencao. Ao invés de caco de vidro, os portenhos poem uma tela de alfinetes para espantar ladroes. É mais discreto. Outra: os argentinos se saúdam com beijinhos. Essa chama a atencao de todo mundo. E, por fim, a propaganda de analgésico: "¡Levántate y anda!", que está por toda a cidade.
 
Em breve escrevo mais. Assim espero.

Nao só no nome



A UCA - ou Pontificia Universidad Catolica Argentina "Santa Maria de los Buenos Aires" - fica em Puerto Madero, que é um bairro as margens do Rio da Prata, com muitos restaurantes, vida noturna, prédios modernos e caros. O que mais me chamou a atencao na UCA é que nao é só no nome que é católica. Ainda estou descobrindo a universidade: já tenho bastantes conhecidos que estudam lá - principalmente em Ciencias Politicas e Economia - e tenho ido as tercas-feiras para um curso de extensao sobre John Henry Newman.
 
A Austral comecou as aulas dia 4 de agosto, uma segunda-feira. Chegamos Mario e eu, e fomos falar com a Professora Cecilia Amiel, nossa tutora. Por volta das 11 horas, tivemos uma recepcao, todos os estudantes de intercambio. Alemaes, italianos, americanos, mexicanos, canadenses e brasileiros. Comemos empanadas e sanduíches de miga. O Decano da Faculdade, Prof. Juan Cianciardo, veio dar-nos as boas-vindas também. Conhecemos a faculdade, eu particularmente andei pelos andares todos - cada um é de jeito: uma decoracao especial para cada carreira - e falei com o padre brasileiro que é o capelao da Faculdade de Direito.

Um lugar para viver



No dia 2 de agosto, despedi-me de Palermo e fui para a residencia universitaria La Casa Grande, em San Telmo. Peguei o onibus em frente na Avenida Las Heras, em frente ao parque, e depois de um tempo estava em San Telmo. Andei umas quadras e cheguei a um sobrado - acho que é um sobrado - antigo. Gostei da aparencia.
 
Entrei, subi as escadas e gostei mais ainda. Por dentro, a residencia é bem moderna. É impressionante: quem passa do lado de fora nao consegue supor como é lá dentro. Devem ter gastado bastante dinheiro para montar a residencia: é tudo bem novo e lembra um parque de diversoes. Bem colorido, com plantas, varios caminhos...
 
Apresentaram-me o meu quarto, o 303. E aí estava Ignacio, de Cordoba, um dos companheiros de quarto. O outro é Federico, mas estava de férias e só fui conhece-lo duas semanas depois. Mais uma vez, todos foram muito simpaticos. As pessoas aqui gostam de conversar, e se interessam em saber de onde vc veio, o que vc vai fazer, por que quis vir para a Argentina, o que estuda, etc. No mesmo dia, conheci Matias, que estuda Relacoes Internacionais na UCA. Depois conheci também o Dacio, a Dalia, o mexicano Pato, a Barbie... Conheci o Al, que trabalha na National Geographic.. E fui conhecendo mais gente, conforme voltavam das férias. Conheci o Mario, outro brasileiro que veio estudar na Austral e escolheu a mesma residencia. Ele veio pra Faculdade de Direito tb. Estuda no IEP de Paris e vai fazer o terceiro ano aqui. Conheci também amigos do Mario, do IEP: o Miguel, carioca, e os franceses Constance, Lucie e Rémi. 

Che boludo!



Durante essa primeira semana, com frequencia havia festas e saídas com o pessoal do seminario. Ou saímos a algum canto, ou íamos a um apartamento na calle (aqui se diz cache) Bustamante, em que estavam um mexicano, o uruguaio e o chileno. Os argentinos saem muito tarde de casa. Hoje (que é 22 de agosto), por exemplo, as pessoas estao combinando de sair depois do jogo da Argentina contra a Nigéria. O jogo comeca uma hora da manha... Isso nao é excecao: tres e meia é hora de sair. E boite aqui chama boliche. Eu levei um tempo para entender.
 
A organizacao do seminario - voltando ao assunto - foi excelente. O instituto ESEADE tem um prédio pequeno mas muito bom. O hotel e o apartamento em que fiquei eram muito bons também, e de um bom gosto impressionante.
 
Um detalhe interessante: vi coisas aqui que só tinha visto em Roraima antes. Duas em particular: o jamón endiablado, que também se vende aqui, e o regatón. Será dificil esquecer as horas a escutar o regatón naquele caminho entre Boa Vista e Amajari. É um pouco traumático, mas aqui se escuta tanto isso que já estou comecando a gostar. "Que la rumba esta buena"...

Soy loco por ti, America...



Cheguei no domingo dia 27 para participar do Institute for Leadership in the Americas, um seminario para estudantes latino-americanos realizado numa faculdade de Buenos Aires chamada ESEADE. Vieram jovens de toda America Latina, sendo a maioria da Venezuela - gente muito boa!  -, além da própria Argentina. Mexicanos, uruguaios, chilenos... todos muito simpáticos. Fiz amizades aí que espero manter. Do Brasil, estávamos Lucas Mafaldo - que finalmente conheci, e com muita satisfacao -, Pedro Sette Camara e eu.
 
Por conta do seminario, fiquei uma semana em Palermo. A primeira noite em um hotel, em Palermo Viejo, e o resto da semana num apartamento mais perto da Recoleta. O ESEADE fica em Palermo, perto da Plaza Italia. Comigo no quarto ficaram um venezuelano, Cesar, e um boliviano, Daniel, que aliás é sobrinho de Alejandro Chafuen.
 
Do seminario, que foi muito proveitoso, ressalto a palestra do Prof. Gabriel Zanotti sobre Hayek e a Doutrina Social da Igreja. As palestras da Dra. Alejandra Salinas também foram muito boas, bem didáticas e abrangentes. Visitamos a Exposición Rural, que todos os anos se realiza em Buenos Aires. Bois enormes, carneiros, cavalos, gaúchos, boinas e um adendo especial este ano: uma tensao nao disfarcada por razao dos atritos com o governo.

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