Para portar-se no msn

Tenho a impressão de que os estados -- Ausente, Hora de Almoço, etc. -- no msn mais atrapalham que ajudam, em ordem a uma convivência harmoniosa naquele espaço. Além de que há gente que, quando está mas não quer falar, se diz Ausente. Ou Hora de Almoço. Ou Ocupado. Quero dizer: há uma grande confusão e só conhecendo cada pessoa alguém pode interpretar bem o que significa cada estado para ela. Como saber se Ocupado para Fulano é realmente ocupado e não algo como "fico muito tempo no msn, então se eu estivesse sempre Disponível poderiam pensar que sou carente ou preguiçoso; no fim, pode falar comigo que não vai incomodar..."?

Resolvi fazer o seguinte: quero e posso falar, estou Disponível, verde. Não quero, não posso ou não estou, estou Offline. Simples assim. O Ocupado também é interessante, se vc pensar que avisa que vc está ali, mas deixa claro que alguém que fale com vc deve ser breve, ou pode ficar sem resposta imediata... De qualquer maneira, não costumo usar.

Ps. Tsc, tsc... Que perda de tempo um post desses.

Sociologia de msn



Hoje vejo os nicks de meus amigos argentinos, no msn, e há abundância de "estudiando", "en estudios", "rindo el lunes", etc. Entre os brasileiros, não há nenhum assim.

Não é difícil entender o porquê. Primeiro, na Argentina há o esquema de fazer provas para uma matéria em diversas datas. Quem não faz a prova final no fim do ano, pode fazer no início do ano seguinte. Isto é, agora é época de provas para quem não as fez todas no fim do ano passado.

Já no Brasil, agora é justamente quando o ano começa, novinho e límpido, sem pendência: quem passou, passou; quem não passou, passasse. Agora começa tudo; agora, quero dizer, depois do carnaval. Uma semana sem aulas, aliás! E -- segunda razão dos nicks -- na Argentina não há feriado por causa do carnaval.

Assim pelos nicks de msn se podem esboçar dados sociológicos de um povo...

Novidade

Antes de mais, eu sei que falta contar coisas sobre Salta e etc. Não esqueci.

Não sabia que o Daniel Lourenço tinha um blog. Pois é: ele tem sim, e está aqui. De lá, o que segue:

--Você leu esse livro de poesia, A Luta Corporal, do Ferreira Gullar? Uma droga, não é mesmo?

--Sim, tampouco gostei.

--Os temas dele são só o desespero, os versos são livres claro. Reconheço que ele escreve bem, tem talento, mas de que serve se for para escrever sobre temas imprestáveis? Tá tudo uma droga e vai piorar. Ou, como os russos dizem, depois da tempestade, vem a inundação. Digo, ele pensa assim, eu não.

-- Mas você não acha que é um exercício razoável fazer de conta que está tudo ruim, falar da morte, do desejo de que tudo acabe, etc? Grandes autores trataram do desespero.

--Sim, estou por dentro disso. Mas o desespero dele não tem sentido. É um desespero por princípio, não aquele desespero silencioso, que todo homem pode ter, mas que volta e meia passa, se arranjamos algo de bom para fazer e nos dedicar, seja um curso de teatro, filosofia, dança. Parece que para o Gullar o mundo não tem jeito mesmo. Ponto final. Então, por que ele escreve isso?

--Ora, às vezes eles querem se expressar, só isso, jogar o desespero para fora, não sei direito.

--Nem eu sei. Alguns livros eu tenho vontade não apenas de me desfazer deles, mas de queimá-los, sabia?

--Isso inclui o livro do Gullar?

--Talvez, estou pensando no caso dele. Mas, por exemplo, O Manifesto do Partido Comunista é um livro que não quero que ninguém leia, joguei fora, podia ter vendido num sebo, mas joguei fora. Porque não quero que ninguém leia.

--Não seja tolo. O livro é influente, também não morro de amores pelo Marx, mas o livro deve ser lido.

--Por que deve ser lido? Vá lá, sei que é influente, mas acho um crime dar de ler a uma criança, a um jovem imberbe ainda, o Manifesto para ele. Que vá ler Platão, ou Aristóteles.

--E depois, bem depois, o Manifesto poderia ser lido, suponho?

--Supôs bem.

--E o que diria de quem chama isso de autoritarismo? Ou seja, essa tentativa de jogar para debaixo do tapete obras ruins para serem lidas só por gente madura?

--Chamaria de uma atitude platônica, ao invés de autoritária. Platão sabia que o jovem deve ser formado por obras edificantes. Vá lá que ele não gostava dos poetas, sobretudo da imitação tola...

--Eu tampouco gosto, tem imitação que não é tola, é macaquice.

--Foi o que eu disse. Indigna de um ser humano. Eu acho que não é errado você dar a ler ao jovem As nuvens, de Aristófanes, por exemplo, onde o autor satiriza Sócrates do início ao fim. Injustamente até, diria eu. Mesmo assim, é bom contrabalançar asperezas da filosofia com um pouco do senso do ridículo. Mas abusar da inteligência com filosofias pequenas, feito a de Marx, não.

--Pode ser, pode ser.



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