Dois em um

1. Lá no campus do Gragoatá (UFF), mais especificamente no bloco N, sempre há uma banquinha de livros. Geralmente dou uma olhadinha descompromissada. Raramente compro alguma coisa. Quarta-feira passada pousei meus olhos (oh!, que poético) sobre dois livros de José Carlos Reis (espero não ter errado o nome): Intérpretes do Brasil (espero novamente não ter errado o nome; não confundir com aquela coleção vermelhinha editada em 2004 ou 2005), volumes um e dois.

Abri para saber quem seriam os tais intérpretes do Brasil: Caio Prado, Sérgio Buarque, Fernando Henrique, Florestan Fernandes... Fiquei pensativo. Já repararam que, à exceção de Gilberto Freyre (e que por suas posições independentes -- no caso Salazar, p.ex. -- também não deixou de sofrer ostracismo), só se lembram os "intérpretes" adeptos de certo esquerdismo?

Oliveira Vianna, se é lembrado, era para ser taxado de fascista. Paulo Prado (que ainda não tive oportunidade de ler), o grande João de Scantimburgo (vivo ainda, e esquecido membro da Academia Brasileira de Letras)... O Vianna Moog foi praticamente expulso do rol dos intérpretes da nação.

2. A propósito, acabei ontem de ler Bandeirantes e Pioneiros, de Vianna Moog. Impressionante é como ninguém fala desse sujeito genial! Em 2006, comemoramos o centenário de Vianna Moog: alguém ouviu falar? Já o Sérgio Buarque de Holanda... O Moacyr Scliar, no entanto, se lembrou de seu conterrâneo neste texto em que procura fazer justiça a sua obra. Um trechinho:

"A pergunta apareceu no site Yahoo Respostas: "Alguém conhece um livro chamado Bandeirantes e pioneiros, de Vianna Moog?". A indagação, por todos os motivos meritória - afinal, o melhor jeito de descobrir as coisas é perguntar -, faz pensar sobre a memória cultural do país. A obra de Vianna Moog (1906-1988) marcou época; foi um dos textos mais discutidos em nosso país. Mas, ao que tudo indica, pode ter caído no esquecimento. Por isso é tão oportuno o centenário de nascimento de Clodomir Vianna Moog, no dia 28 deste mês: evoca uma figura singular de nossa literatura."

Caro Dr. Scliar, é a antipatia da oligarquia pensante esquerdopata (OPE, para facilitar) que condena Vianna Moog ao esquecimento. Não que Vianna Moog seja de direita; acho que o problema dele é ser católico. A OPE não quer reverenciar nem recomendar a leitura de um autor declaradamente católico. Afinal, católicos não podem se manifestar na vida pública, segundo a mesma OPE.

O livro de Vianna Moog trata da formação do Brasil e da formação dos EUA, comparando-as. É um ensaio, aliás, admirável. Para que os senhores tenham noção da razão pela qual Vianna Moog é proscrito, transcrevo dois pequenos parágrafos do Epílogo (em que trata de Lincoln e Aleijadinho):

"Que regra conterá esta nova e edificante lição de Aleijadinho? Contém uma regra velha de dois mil anos; e esta regra é que a estrada real para a plena maturidade é a busca e a imitação da santidade.
"Como? Então a normalidade é sinônimo de santidade? E os heróis de Carlyle e as pessoas que nos rodeiam, tão boas, tão amenas, tão cordiasis? Em verdade não são normais. Quando muito, serão subnormais. Normal é o santo".

Vianna Moog não tirou isso só de sua cabeça. É que isso é sabido por qualquer católico (ou não) que lembre que todos os homens são chamados à santidade, meta da vida cristã ordinária. Como dizia uma menina, "ou chegarei à santidade ou não serei nada". O santo é quem está conforme sua própria natureza, quem preenche sua personalidade plenamente, quem se realiza por completo.

Uma questão religiosa

A(bortista): "Ora, você acha que o aborto deve ser crime por uma questão religiosa."
B(om homem que uma hora perde a paciência): "Tenha certeza que eu só não lhe parto a cara agora por uma questão religiosa."

A propósito, vide o instigante texto de Rodrigo Pedroso em Oito Colunas (oitocolunas.blog.sapo.pt). Um trecho:

"O problema da penalização da violência contra a mulher reflete também toda a iniquidade da estrutura social brasileira: nas classes sociais mais altas, a violência contra a mulher é praticada com toda a segurança, sendo o marido acobertado pela hipocrisia da sociedade, e a mulher tendo acesso rápido a eficientes serviços de saúde. São os pobres as principais vítimas da proibição legal da violência contra a mulher: o marido que, coagido pelas circunstâncias, toma a difícil decisão de bater na mulher, corre ainda o risco de ser penalizado por isso, e a mulher fica privada de atendimento médico por receio de denunciar o marido."

Leia mais aqui.

Procurando estágio jurídico?

Para quem esteja procurando escritórios de advocacia para estagiar, ou precise mesmo de um advogado, vale a pena visitar este catálogo do Migalhas (www.migalhas.com.br). Escritórios em todo o Brasil, reunidos num só lugar!

Novos direitos?

Num busdoor com anúncio de uma clínica de fertilização artificial: Gravidez é um direito de todos.
Todos quem, cara pálida? Acho que estou sendo lesado.
Será que essa clínica consegue me engravidar, hehe?

Dedicado a Dona Carlota



Marcos Portugal: outro desconhecido, mas importante compositor de nossa tradição musical. A Prefeitura do Rio lançou agora cds com suas modinhas. Aqui temos "Cuidados Tristes Cuidados", composta em 1793, dedicada à Princesa do Brasil, Dona Carlota Joaquina.

Provincianismo

Vejam que interessante o que Carlos Krämer -- que, aliás, tive a alegria de conhecer pessoalmente hoje: ele e sua noiva -- tem a dizer sobre o provincianismo. Abaixo um trecho:

"Um desafio: que alguém encontre, numa livraria de interior, as obras completas de Aristóteles, quatro ou cinco obras da Patrística e a Suma Teológica de Santo Tomás. Na busca por essas obras, o leitor que aceitou o desafio certamente encontrará o último lançamento de Richard Dawkins, sem sombra de dúvida encontrará a mais nova edição de capa dura e brilhante de O Código da Vinci e toda a literatura já escrita sobre O Segredo. Com alguma sorte encontrará obras clichês de baixo nível escritas por Gramsci e Sartre. Encontrará Nietzsche, com certeza. Mas nunca, jamais encontrará juntas aquelas obras que propus. E assim desvendamos o que é ser verdadeiramente provinciano."

Um post ímpar. Leia tudo aqui.

Quem sabe de aniversário?

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Se alguém quiser me dar uma caneca dessas de presente, fico muito grato. Por que essas coisas legais estão sempre nos Estados Unidos? Eu devia é aprender a comprar coisas pela internet... A próxima etapa seria arranjar o dinheiro.

Não é tão caro: US$ 12,99. E olhem também as camisas: gostei da estampa da Cruzada... Tem coisas muito interessantes: é só clicar aqui.

Até quando vão enganar os deficientes?

Esse é o título do recente artigo de Luiz Carlos Lodi da Cruz, sacerdote e advogado em Anápolis. O Pe. Lodi tem se destacado por falar certas verdades e com isso atrair a ira dos poderosos e abortistas de plantão.

"A pressa dos defensores do artigo 5º da Lei de Biossegurança é justificável. É possível mentir, mas não se pode mentir indefinidamente. Mais cedo ou mais tarde, os pacientes de doenças degenerativas perceberão que estão sendo instrumentalizados para a causa abortista."

Leia mais aqui.

Contra a gordofobia

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Você já reparou que os seres humanos mais discriminados na sociedade contemporânea são os gordos? Parece curioso, mas tenho pensado muito sobre isso ultimamente. Quanto aos fumantes se poderia dizer unas cositas também, mas restrinjamo-nos aqui aos gordos.

Enquanto os negros, as mulheres, os homossexuais, os praticantes de candomblé, etc. (nada contra ninguém, aliás; adianto já!) têm uma série de regalias e não se admite sob hipótese alguma que alguém os reprove (mesmo se eventualmente estão errados!), contra os gordos se permite e até se incentiva o preconceito. Desde criança, as pessoas são habituadas a ver o gordo como alguém desajustado, uma opção condenável de vida. Se a criança vai ficando gorda, já levam ao médico ou mandam fazer exercício. Pode ser qualquer coisa, menos gordo! Puro preconceito, discriminação. Há até empregos vedados aos gordos!

Eu, pessoalmente, quando tiver uns 60 anos -- se chegar lá -- pretendo apresentar uma barriga avantajada, imponente, daquelas que denotam senhorio! Mas já não sei se me será possível evitar a discriminação... Do jeito que as coisas vão, a última geração de velhos barrigudos contentes é a que hoje tem entre sessenta e oitenta anos.

Por que ser magro seria melhor que ser gordo? Por que alguém pode escolher ser homossexual (e ai de quem achar que ser homossexual é se expor a certas doenças...) e não pode escolher ser gordo? Realmente, a sociedade de hoje é excludente, discriminatória e gordofóbica.

Devo dizer -- como contribuição ao movimento pela criminalização da gordofobia -- que, entre as pessoas verdadeiramente simpáticas que conheço, abundam os gordinhos. E esse fenômeno se dá, creio, universalmente, em todas as épocas e lugares. A figura acima é de G. K. Chesterton, um dos mais hilários -- e também um dos instigantes, profundos e inteligentes -- autores da literatura inglesa. Reparem na sua silhueta e tirem suas conclusões. Abaixo a gordofobia!

Dom João não estava errado



Quando Dom João chegou ao Brasil, há duzentos anos, ficou abismado com José Maurício Nunes Garcia, sacerdote e compositor. Não é sem razão que o Pe. Nunes Garcia é apontado como nosso maior compositor colonial, embora não seja tão conhecido. Nesse Credo da Missa Pastoril para Noite de Natal (composta no Rio de Janeiro, 1811) podemos ver a qualidade da música feita no Brasil.

Um dado interessante é que o Pe. Nunes Garcia era considerado mestiço. Os mulatos, aliás, estão nos vértices das artes brasileiras mais refinadas. Machado de Assis na literatura, Aleijadinho na arquitetura e na escultura, Nunes Garcia na música.

O tema do racismo no Brasil precisa ser melhor explorado. Fico muito contente por ter estudado História do Brasil na UFF com a Prof.a Hebe Mattos, que me abriu um horizonte novo sobre o tema. Só para salientar um ponto: a idéia de racismo como temos hoje não existia na cultura católica ibérica (e, portanto, no Brasil colonial), mas é uma construção em que se encontram liberalismo, protestantismo e evolucionismo. Esse tema vale a pena ser estudado, especialmente ao se pôr em pauta questões sobre quotas raciais e uma suposta reparação histórica devida.

Apresentando-me

Percebi que faltava dizer, em linhas gerais, quem é que escreve o blog. Afinal, existem milhões de Flávios no mundo, não é verdade? Se não milhões, ao menos milhares.

Meu nome é Flávio, moro em Niterói, estudo Direito e História. Gosto de Filosofia, de Política, de Ciências Sociais em geral. Tenho meus gostos musicais, que vão de The Cramberries a Palestrina, e também minhas preferências nos diversos campos da arte.

Em linhas gerais, é isso. Qualquer dúvida, sugestão ou pergunta, [email protected].

Começando bem

Marcelo Tas dá dicas para blogueiros em vídeo datado de hoje mesmo. Começamos bem. Obrigado ao Tas e abraço a todos, que por hoje chega.


Porta-vozes de ninguém

Estava hoje eu no ônibus da linha 47, daqueles que têm sempre o rádio ligado. Eram uma sete e poucos, e a programação não podia ser diferente: a Hora do Brasil (na nova versão olodum do Lula).

A notícia seguia sobre uma tal Conferência Nacional da Juventude: "os jovens decidiram-se pelo apoio à legalização ao aborto e a redução de jornada de trabalho máxima semanal...". Seria engraçado se não fosse trágico. Qualquer um sabe que é apenas uma ínfima minoria da população brasileira que se posiciona contra a tipificação do crime de aborto. Volta e meia saem pesquisas sobre a opinião da juventude brasileira, e em todas elas a maciça maioria dos jovens se declara a favor da tipificação do aborto como crime.

Isso é o óbvio ululante: qualquer pessoa sabe disso. Basta entrar em qualquer rodinha nas faculdades, colégios, clubes, na rua... A menos que se entre numa célula do PT: nesse caso, é bem possível que a maioria seja contra a vida. E não é por outra razão que essa auto-nomeada Conferência Nacional da Juventude adotou a posição que adotou.

* * *

Peguei o ônibus para assistir a uma apresentação de canto e piano. Foi tudo muito bom, e o governo ainda me deu essa ocasião de rir de sua cara-de-pau (e de temer sua assustadora perversidade). Acabo de chegar em casa. Chove e faz frio: o ambiente ótimo da leitura.

Iniciando

Parece que tudo neste mundo tem um começo. Também um blog tem que ter um começo. Esse aqui já vem com começo feito: uma saudação em sueco, que não fui eu que pus.

Gostei de encontrar o www.blogg.se. Dois motivos principais: consegui um endereço simples e vou acabar aprendendo um pouco de sueco. Interessante.

Vou experimentar esse blog. Um blog amador. Com o tempo, vamos acertando, melhorando, aprendendo. Vou experimentar.

Välkommen till min nya blogg!


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