Lendo bem

Fiel a seu compromisso de divulgar as boas iniciativas de que tem conhecimento, este blog apresenta aos distintos visitantes -- mais ou menos assíduos -- o Encuentro de Lectores, site que disponibiliza informaçao bibliográfica criteriosa. Trata-se de uma pequena sinopse para cada livro, além de uma indicaçao se o livro contraria ou nao "a la dignidad de las personas, sea gravemente inmoral, intolerante o racista". Porque as idéias têm conseqüências.

Ps. Bueno, segui os links e encontrei outras boas iniciativas: o espanhol Club del Lector e o Criteria.


Nordeste medieval



A cultura nordestina encontra suas raízes e inspiracao mais profundas na Idade Média ibérica. Penso que todos já tiveram a oportunidade de experimentar isso, e nao sao poucos os autores que afirmam explicitamente essa ligacao: um, por exemplo, é Ariano Suassuna.

Encontrei num blog o vídeo do Elomar que deixo acima. Vale a pena ouvir. Vale muito a pena.

Imperdível



Fomentadas pela Congregacao para a Doutrina da Fé -- "o antigo Santo Ofício", como gostam de completar os jornalistas... --, mais uma vez se reunem as Jornadas Internacionais de Direito Natural, que desde 2005 sao realizadas anualmente, ou na Argentina ou no Chile. Este ano, em Buenos Aires, na UCA.

O tema das IV Jornadas Internacionais é mais que atual: "Lei Natural e Legítima Laicidade". Autores do peso de Massini Correas e Andrés Ollero estarao presentes, tornando o evento simplesmente imperdivel. Mais informacoes aqui. Vale lembrar: as Jornadas se darao nos dias 10, 11 e 12 de setembro de 2008, na UCA, Edificio Santo Tomas Moro, na Av. Alicia Moreau de Justo, 1400, Puerto Madero, Buenos Aires.

Além das Jornadas, outro evento de peso se organiza na UCA: a XXXIII Semana Tomista, organizada pela Sociedad Tomista Argentina. Vao de 8 a 12 de setembro, com a programacao comecando as 16h30. (Espero que seja a hora em que acabam os eventos das Jornadas...). Para mais informacoes -- incluindo a programacao completa! --, basta clicar aqui.


Para relajar



Una musiquita de los Cramberries. ¡Aprobechá, boludo! Y acordáte: "Don't go that way. Don't leave that way. That would paralise your evolution (...). We will pray, we will stay together".

Disaster!



Ontem presenciei uma situacao interessante. Aqui na residencia temos um chines, que estuda espanhol, salvo engano, na Universidad del Salvador. Pois bem. Conversavam ele -- com ainda evidentes dificuldades para entender e falar espanhol -- e tres argentinos. Eu observava.

Conversa vai, conversa vem, o argentino tocou num assunto delicado: "O que vc acha do governo chines"?
Chines: "Ninguém gosta governo. Mas ninguém pode usar meios de comunicacao para dizer isso, porque sao todos controlados pelo governo".
Argentino: "Mas e sua educacao? A educacao na China hoje é muito boa, né?"
Chines: "Ah, é sim!"
Argentino: "E é de graca, para todos, nao é?"
Chines: "De graca? Nao, nao é de graca nao! Faculdade muito expensive! Mas primario é mais barato".
Argentino: "E de Mao, o que vc acha? Transformou a China, nao?"
Chines: "Mao? Mao Tse Tung?! Disaster! Disaster!"


Conservador?

Nao sou conservador porque nao quero conservar o atual estado de coisas. Quero conservar o que há de bom hoje, e o que de bom tem sido conservado há anos. O que nao está bom, deve ser transformado. Transformado para melhor, vale dizer.
 
Nao sou restaurador porque nao houve um periodo ideal que valha a pena restaurar hoje. Houve -- é o que parece -- períodos melhores, de que vale a pena restaurar as boas coisas. Nao por serem antigas, mas por serem boas. Porque nos tempos melhores havia coisas que deviam ser combatidas, e -- que bom! -- hoje estao vencidas. Hoje há coisas boas, e essas devem ser conservadas. E as coisas más que nao havia ontem e hoje há, a essas se deve combater. Porque nao importa se nao novas ou velhas, mas se sao boas ou más.
 
O que quero é a perfeicao moral da sociedade: melhores seres humanos, vale dizer. Melhores seres humanos ajudando os outros a serem melhores: para isso, a sociedade. Assim se mede o valor de uma epoca, e o que deve ser revolucionado, o que deve ser conservado e o que deve ser restaurado: pelo desenvolvimento moral de seus homens.

Funcao social


El Greco,
Enterro do Conde de Orgaz.

Conferir um título de nobreza significa, em sua origem, reconhecer publicamente as virtudes de uma pessoa. A funcao dessas pessoas, declaradas nobres, é dar exemplo de virtude para a sociedade. O nobre nao tem uma natureza melhor ou pior que a de um nao nobre. A virtude é acessível a todos, e por isso o estamento da nobreza -- o reconhecimento da virtude; difícil tarefa, aliás!  -- nao é fechado, ainda que deva ser seletivo. É verdade que, como se trata de uma instituicao humana, é passível dos maiores desvios: de fato, se pode titular quem nao merece.
 
Quando um homem declarado nobre -- por seu próprio valor pessoal ou pela virtude que se cultiva em sua casa e que, por conseguinte, se supoe aprendeu a viver desde pequeno -- nao honra seus deveres, inerentes a sua condicao social, já nao há mais porque portar um título. Pelo bem da sociedade, pelo bem dos que enxergam no nobre um exemplo moral, esse homem deve perder o titulo de nobreza. Quando isso nao ocorre, e os nobres se preocupam mais com o prazer que com o dever, e abusam assim de sua condicao, a nobreza institucional se desacredita e faz por merecer seu fim. Assim se passou na Franca de fins do século XVIII.

¿Qué cosa, no?



Andar por Buenos Aires é muito bom. A cidade é toda plana, de forma que é possível caminhar muito. Nao há morros, nao há túneis, nao há praias: há ruas e pracas. Predios neoclássicos, lojas, jardins, árvores, monumentos. Moro perto da Plaza de Mayo, e volta e meia ando por ali, vejo a Casa Rosada, o Cabildo, ando pela Avenida de Mayo e pelas transversais. Assisto Missa na Catedral. Que catedral, diga-se de passagem! E a Missa muito bem celebrada.
 
Minha residencia atual fica na calle Peru, continuacao da Florida. Haveria muito mais coisas para contar: sobre cada um dos caras que conheci no seminario e as iniciativas que levam a cabo em seus países, sobre as matérias na faculdade e os colegas lá, sobre a Residencia de Los Aleros, que tenho frequentado... Também as coisas que vejo na rua, a feira de San Telmo, os restaurantes... Para finalizar, algumas coisas que me chamaram a atencao. Ao invés de caco de vidro, os portenhos poem uma tela de alfinetes para espantar ladroes. É mais discreto. Outra: os argentinos se saúdam com beijinhos. Essa chama a atencao de todo mundo. E, por fim, a propaganda de analgésico: "¡Levántate y anda!", que está por toda a cidade.
 
Em breve escrevo mais. Assim espero.

Nao só no nome



A UCA - ou Pontificia Universidad Catolica Argentina "Santa Maria de los Buenos Aires" - fica em Puerto Madero, que é um bairro as margens do Rio da Prata, com muitos restaurantes, vida noturna, prédios modernos e caros. O que mais me chamou a atencao na UCA é que nao é só no nome que é católica. Ainda estou descobrindo a universidade: já tenho bastantes conhecidos que estudam lá - principalmente em Ciencias Politicas e Economia - e tenho ido as tercas-feiras para um curso de extensao sobre John Henry Newman.
 
A Austral comecou as aulas dia 4 de agosto, uma segunda-feira. Chegamos Mario e eu, e fomos falar com a Professora Cecilia Amiel, nossa tutora. Por volta das 11 horas, tivemos uma recepcao, todos os estudantes de intercambio. Alemaes, italianos, americanos, mexicanos, canadenses e brasileiros. Comemos empanadas e sanduíches de miga. O Decano da Faculdade, Prof. Juan Cianciardo, veio dar-nos as boas-vindas também. Conhecemos a faculdade, eu particularmente andei pelos andares todos - cada um é de jeito: uma decoracao especial para cada carreira - e falei com o padre brasileiro que é o capelao da Faculdade de Direito.

Um lugar para viver



No dia 2 de agosto, despedi-me de Palermo e fui para a residencia universitaria La Casa Grande, em San Telmo. Peguei o onibus em frente na Avenida Las Heras, em frente ao parque, e depois de um tempo estava em San Telmo. Andei umas quadras e cheguei a um sobrado - acho que é um sobrado - antigo. Gostei da aparencia.
 
Entrei, subi as escadas e gostei mais ainda. Por dentro, a residencia é bem moderna. É impressionante: quem passa do lado de fora nao consegue supor como é lá dentro. Devem ter gastado bastante dinheiro para montar a residencia: é tudo bem novo e lembra um parque de diversoes. Bem colorido, com plantas, varios caminhos...
 
Apresentaram-me o meu quarto, o 303. E aí estava Ignacio, de Cordoba, um dos companheiros de quarto. O outro é Federico, mas estava de férias e só fui conhece-lo duas semanas depois. Mais uma vez, todos foram muito simpaticos. As pessoas aqui gostam de conversar, e se interessam em saber de onde vc veio, o que vc vai fazer, por que quis vir para a Argentina, o que estuda, etc. No mesmo dia, conheci Matias, que estuda Relacoes Internacionais na UCA. Depois conheci também o Dacio, a Dalia, o mexicano Pato, a Barbie... Conheci o Al, que trabalha na National Geographic.. E fui conhecendo mais gente, conforme voltavam das férias. Conheci o Mario, outro brasileiro que veio estudar na Austral e escolheu a mesma residencia. Ele veio pra Faculdade de Direito tb. Estuda no IEP de Paris e vai fazer o terceiro ano aqui. Conheci também amigos do Mario, do IEP: o Miguel, carioca, e os franceses Constance, Lucie e Rémi. 

Che boludo!



Durante essa primeira semana, com frequencia havia festas e saídas com o pessoal do seminario. Ou saímos a algum canto, ou íamos a um apartamento na calle (aqui se diz cache) Bustamante, em que estavam um mexicano, o uruguaio e o chileno. Os argentinos saem muito tarde de casa. Hoje (que é 22 de agosto), por exemplo, as pessoas estao combinando de sair depois do jogo da Argentina contra a Nigéria. O jogo comeca uma hora da manha... Isso nao é excecao: tres e meia é hora de sair. E boite aqui chama boliche. Eu levei um tempo para entender.
 
A organizacao do seminario - voltando ao assunto - foi excelente. O instituto ESEADE tem um prédio pequeno mas muito bom. O hotel e o apartamento em que fiquei eram muito bons também, e de um bom gosto impressionante.
 
Um detalhe interessante: vi coisas aqui que só tinha visto em Roraima antes. Duas em particular: o jamón endiablado, que também se vende aqui, e o regatón. Será dificil esquecer as horas a escutar o regatón naquele caminho entre Boa Vista e Amajari. É um pouco traumático, mas aqui se escuta tanto isso que já estou comecando a gostar. "Que la rumba esta buena"...

Soy loco por ti, America...



Cheguei no domingo dia 27 para participar do Institute for Leadership in the Americas, um seminario para estudantes latino-americanos realizado numa faculdade de Buenos Aires chamada ESEADE. Vieram jovens de toda America Latina, sendo a maioria da Venezuela - gente muito boa!  -, além da própria Argentina. Mexicanos, uruguaios, chilenos... todos muito simpáticos. Fiz amizades aí que espero manter. Do Brasil, estávamos Lucas Mafaldo - que finalmente conheci, e com muita satisfacao -, Pedro Sette Camara e eu.
 
Por conta do seminario, fiquei uma semana em Palermo. A primeira noite em um hotel, em Palermo Viejo, e o resto da semana num apartamento mais perto da Recoleta. O ESEADE fica em Palermo, perto da Plaza Italia. Comigo no quarto ficaram um venezuelano, Cesar, e um boliviano, Daniel, que aliás é sobrinho de Alejandro Chafuen.
 
Do seminario, que foi muito proveitoso, ressalto a palestra do Prof. Gabriel Zanotti sobre Hayek e a Doutrina Social da Igreja. As palestras da Dra. Alejandra Salinas também foram muito boas, bem didáticas e abrangentes. Visitamos a Exposición Rural, que todos os anos se realiza em Buenos Aires. Bois enormes, carneiros, cavalos, gaúchos, boinas e um adendo especial este ano: uma tensao nao disfarcada por razao dos atritos com o governo.

Uma cidade plana



Cheguei num domingo. Como dizia, por volta das tres da tarde. Saí para trocar dinheiro no Banco de la Nación e em seguida fui buscar o onibus da empresa Manuel Tienda Leon, que leva ao centro da cidade. Ezeiza é um municipio vizinho a Buenos Aires. Perguntava onde pegar o onibus e me indicavam a um taxista. Sao uns espertos. Até o guardinha fez isso. Mas por fim achei o onibus. Sai por quarenta e cinco pesos, num onibus bem confortavel, de viagem.
 
Fui vendo a paisagem e conversando com uns brasileiros que estavam no onibus, particularmente um que se chama Ney e mora em Buenos Aires. Pude ver que é comum os portenhos irem para as relvas a beira da estrada - nao tem nada: só grama mesmo - para aí descansarem. Comem, brincam e deitam. Nas pracas de Buenos Aires acontece o mesmo. O que fazemos nas praias eles fazem a beira da estrada.

Produto importado



Impressionou-me o quanto os argentinos valorizam o Rio de Janeiro. Ser carioca aqui é altamente valorizado. Nao podia supor isso. Quanto ao portugues, talvez possa dizer que nosso idioma está para os argentinos assim como o frances está para os brasileiros. Surpreendeu-me isso também. Acham que é uma língua romantica, poética, e lhes encanta a quantidade de fonemas. De fato, é menos aspero que o castelhano falado aqui, com sons claros e altos, e com forte sotaque italiano. Com frequencia pedem que se fale portugues.
 
Nao obstante a dificuldade que tem para o portugues, conheci varios que estudam nossa língua e pelas ruas há anúncios de aulas de portugues. "É importante porque o Brasil é a potencia do futuro", me disse uma chica. E acrescentou: "As empresas já estao exigindo o portugues". Folgo em saber, hehe. E mais uma coisa curiosa: os pregadores de seitas protestantes aqui estudam portugues para ter melhor oratória, disse-me um colega.
 
Todos conhecem Santa Catarina aqui. Vao desde criancas a la placha no Brasil. Poucos já foram ao Rio de Janeiro, ainda que todos dizem que o Rio les encanta. Varias referencias a Tropa de Elite, a par de louvacoes as belezas da Cidade Maravilhosa. "Voce já viu o BOPE passando na rua?" é uma pergunta relativamente frequente.

Desde Buenos Aires



Antes de mais, devo lembrar que os teclados argentinos nao apresentam nem til, nem cedilha, nem acento circunflexo. Nao tem trema também. O que faco nas linhas abaixo é contar um pouco de como tem sido a vida aqui e externar algumas impressoes da Argentina. (Noto neste exato momento que, com tres semanas sem escrever em portugues, já há um pouco de dificuldade para me expressar fluentemente...).
 
Para comecar, a viagem. Vim com a TAM, que atrasou muito pouco, e cheguei em Ezeiza por volta das tres da tarde. Impressionante ao chegar é ver como é plano tudo aqui. O aviao baixava e se percebia que nao há morros nem elevacao alguma.
 
Pensava em como os argentinos deviam ser rudes com os brasileiros e já me preparava para nao ser muito bem tratado. O rapaz que carimba o passaporte confirmou o estereótipo. Mas adianto já que estava completamente errado: os portenhos e os argentinos em geral sao muitíssimo acolhedores, de forma que fiquei muito surpreso. Talvez sejam até mais acolhedores que nós, brasileiros do Rio de Janeiro.

Sobre la politica



Voy a intentar escribir en castellano este post. Perdonadme cualquier error gramatical u ortografico, ya los pido.

Lo que quiero es sencillamente exponer algunas ideas que traigo conmigo hace más o menos tiempo:

1. No se puede buscar como fin de la politica la resolución de todo problema humano.

2. Nunca tendremos una sociedad perfecta: eso nos es posible en la tierra. Y intentar esta sociedad "perfecta" acá suele causar peores situaciones. La verdad es que en casi todos los casos "la enmienda queda peor que el soneto" (¿cómo se dice eso en español?).

3. ¿Vale la pena dedicar la vida a la politica?: es una idea todavía sin respuesta.

4. Los proyectos globales de sociedad propios de las ideologias en general no tienen en cuenta que a los corazones de los hombres no se les puede dominar.

5. Es en las "cosas pequeñas", en la rectitud personal, en el trabajo bien hecho -y por supuesto en la comunicación de este ideal a los amigos- que se encuentra el camino para una sociedad mejor. Y cuesta, ¡cuesta mucho vivir bien! Es una verdadera revolución.


Buen...

Ainda me adaptando à capital argentina, não quero deixar este blog parado enquanto não me estabeleço de fato. Buen, vamos a algumas coisas curiosas aqui:

  • Os bebedouros não são como no Brasil, com água gelada de um lado e natural do outro. Em geral têm água fria e quente. Quente mesmo, de sair fumaça. Provavelmente para o mate.
  • Os argentinos se cumprimentam com beijinho na bochecha.
  • Uma sugestiva publicidade de analgésico que está por toda cidade: "Levántate y anda!"

É, não é tanta coisa quanto eu pensava... Virá mais. Por fim, cada vez sinto mais saudades dos meus amigos e cada vez mais alegria por estar longe da UERJ.

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