Algumas sentenças



Algumas sentenças não muito ordenadas sobre a monarquia tradicional:

1. O rei é apenas o primeiro entre os pares do reino, os grandes da terra. Não é um senhor absoluto, mas apenas aquele a quem toca moderar e reger a república.

2. Todo o poder vem de Deus: o poder do pai, do juiz, do professor e do rei. Se a autoridade é usada contra Deus, perde a legitimidade. Se o poder é usado contra o bem comum, torna-se tirânico. O rei que apostata da fé católica perde a legitimidade.

3. Os povos são livres e se organizam naturalmente em famílias e corporações, cujos direitos devem ser respeitados pelo rei.

4. Na sua liberdade, os povos tendem a organizar-se na forma monárquica, elegendo uma dinastia que os governe. Há monarquias hereditárias e eletivas, e outras formas justas de organização social, de acordo com a formação de cada povo.

5. Se o rei se torna tirano, já não é rei legítimo. Rei é se faz o que é reto. O povo e as corporações podem destituir uma dinastia e eleger outra. A aclamação popular garante a autoridade de cada governante.

Meus caros, essas cinco idéias são mais ou menos a base teórica da monarquia tal qual foi praticada no período medieval e, em Portugal e Espanha, inclusive durante a modernidade. É com base nesses princípios que todo novo rei de Portugal se fazia aclamar em cortes. É com base nesses princípios que os vice-reinos da América Hispânica não reconheceram o rei que Napoleão impusera à Espanha. É com base nesses princípios que se desenvolveu o chamado tradicionalismo político, que não é nem absolutista nem liberal.

Em 1641, os paulistas resolveram criar um reino independente -- em 1640 era a Restauração Portuguesa... -- e aclamaram rei ao fazendeiro Amador Bueno da Ribeira (imagem acima). Ele não aceitou a coroa e teve que fugir para o Mosteiro de São Bento. Mas depois os paulistas sediciosos também juraram fidelidade a Dom João IV. Ou seja: é fácil ser rei, e rei legítimo. Basta ser aclamado pelo povo, e aceitar. Além disso, há que não ser tirânico, ser justo, respeitar os direitos e as liberdades naturais, etc.; afinal, "se não fazes o que é reto, não és rei".


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